quinta-feira, 21 de abril de 2011

Capítulo 3 - A evolução do pensamento

A ADMINISTRAÇÃO NAS CIVILIZAÇÕES ANTIGAS


SUMÉRIA


Alguns dos mais antigos documentos escritos foram encontrados na Suméria, há mais de 5.000 anos, e se tratava de provas de práticas administrativas.
Os sacerdotes sumérios, por meio do sistema tributário, coletavam e administravam grande soma de bens, como rebanhos, propriedades rurais e crendas. Esses sacerdotes eram obrigados a prestar contas de suas atividades ao sumo sacerdote, para isso desenvolve-se, então, um sistema de escrita que possibilitava o controle dessas atividades.
Os documentos sumérios são descrições de seus inventários: o primeiro uso da escrita foi para fins administrativos e não para fins literários.


EGITO


Técnicas administrativas foram observadas nas construções das pirâmides egípcias onde se tinha controle de estoque, divisão de trabalho, preparação de serviços, comando de equipes, entre outros.
Além disso, exemplos de pensamentos administrativos foram encontrados na literatura egípcia, como no livro de Ptah-hotep, editado em 2.000 A.C, um pai aconselhava seu filho a ser um líder, a prever o futuro dos negócios para que esses dessem certo, a importância da eficácia.
Os egípcios tinham conhecimento dos princípios e práticas administrativas, como por exemplo, da autoridade e responsabilidade, detalhamento e descrição dos serviços e tarefas.


BABILÔNIA


No reinado de Hamurabi, rei da Babilônia, as cidades ao longo da vale foram obrigadas a se unir para manter a paz e uma legislação para abranger a propriedade pessoal, rural, o comércio, os negócios, a família e o trabalho. Estas leis vieram a se chamar “ Código do Hamurabi”, que representou um pensamento administrativo que vigorou no período de 2.000 a 7.000 A.C. Algumas das características dessas legislação eram: - salários mínimos; - controle; - responsabilidade.
Após o reinado da Hamurabi, Nabucodonosor tornou-se rei e deu continuidade às práticas administrativas desenvolvendo controle de produção e pagamento de salário-incentivo.


CHINA


Antigos documentos chineses, escritos por Elow e Mesius, indicam que os chineses já estavam cientes de alguns princípios, tais como: planejamento, organização, direção e controle. Dessa forma, estabeleceram-se alguns conceitos administrativos, vistos até hoje: organização, cooperação ,funções, procedimentos favoráveis à eficiência e várias técnicas de controle.
No livro “A arte da guerra”, escrito por volta de 500 A.C por Sun Tzu, verifica-se bem esses conceitos, onde Sun diz que para um general ter êxito em suas batalhas é preciso planejar bem suas estratégias e direcionar corretamente os soldados. O sistema de seleção de trabalhadores por meio de exames e testes deu origem na China, por volta de 120 A.C.
Confúcio (552-479 A.C, também deixou sua marca na história da administração, criando um sistema de mérito aos cargos governamentais, sistema este visto hoje não só nos altos níveis, mas nos médios e baixos também.


GRÉCIA


É na civilização grega que se vai encontrar a origem do método científico, o que influenciou de maneira forte. A administração, como pensamento de Frederick w. Taylor, Frank B. Gilbreth, Henry Fayol, entre outros.
Os gregos avaliaram melhorias na produção usando métodos uniforme e ritmos estipulado. No caso de trabalhador árduo, repetitivos e monótonos, descobriu-se que a música tinha efeitos psicológicos positivos, estimulando a produção e diminuindo a fadiga.
Sócrates acreditava que punir maus e premiar os bons e atraia aliados era bom para os negócios. Platão determinou que nenhum homem deveria trabalhar a ferro e madeira ao mesmo tempo, pois a pessoa não teria excelência numa coisa nem na outra. Esse pensamento deu origem à primeira teoria de especialização e divisão de trabalho.


ROMA


No império de Diocleciano, observou-se um novo sistema de organização com ênfase na sucessiva delegação da autoridade, pois não era possível controlar os confins do império sozinho (Roma obtinha controle do território que vinha da Grã-Bretanha até a Síria, incluindo parte da Europa e todo norte da África). Era difícil manter a fidelidade, o pagamento e um controle de impostos num império geograficamente disperso. Por isso, Diocleciano dividiu o império em várias províncias e dioceses, e nomeou homens para governarem estas divisões, reservando uma parte a si mesmo.
Catão(234-149 A.C) indica que o dono de uma organização deve apresentar à seu capataz um plano de trabalho com as tarefas anuais por escrito. Já Varrão (116-28 A.C) preocupa-se com a seleção da mão-de-obra, ou seja, entregar cargos as pessoas qualificadas para tais tarefas.


HEBREUS


Moisés utilizou-se de planejamento, organização, divisão e legislação na libertação dos hebreus da escravidão. Essas são ferramentas primordiais utilizadas até hoje na administração.


AS PRIMEIRAS CONTRIBUIÇÕES MILITARES


Ciro, um líder militar e governante grego que viveu A.C, forneceram muitos exemplos ilustrativos do estado avançado de pensamentos da época sobre administração. Foi aconselhado por seu pai a “criar estratégias”. Ele acreditava que planejar o que seus homens fariam no dia seguinte e refletir essas ações até a noite auxiliaria na solução de problemas. Ciro foi um dos primeiros a praticar os registros do estudo de movimentos de layout e manipulação de materiais.
Ciro também conhecia a divisão de trabalho, unidade de direção comando e ordem, reconheceu a necessidade de trabalho em equipe, coordenação e unidade de propósitos em sua organização. Quando acabou a guerra, voltou suas atenções para a administração do império, deixando claro que sabia que administrar um exército eram basicamente a mesma coisa, o que ilustrava o princípio da universalidade da administração.

A IGREJA CATÓLICA


No segundo século d. C., os líderes reconheceram a necessidade de definir com mais rigor os objetivos, a doutrina e a conduta das atividades cristãs, assim como as condições para se tornar membro da organização. O resultado foi uma grande organização religiosa e uma fonte centralizada de autoridade no Papa.
As lições da história da igreja são apropriadas para gerentes modernos que tentam estabelecer uma política e uma doutrina centralizada, mas preservam as atividades e a administração descentralizada.
As primeiras civilizações ofereceram exemplos da antiga prática da administração. A necessidade de líderes, da divisão do trabalho, da amplitude administrativa, da avaliação de desempenho e de outras idéias administrativas podem ser encontradas na história.


A ADMINISTRAÇÃO MEDIEVAL
 

O ARSENAL DE VENEZA


No século XV, Veneza era uma cidade-estado florescente, com uma grande frota mercante privada. Para fins de defesa, a cidade abriu seu próprio estaleiro, o Arsenal, em 1936. No século XVI, o Arsenal de Veneza era, provavelmente, a maior instalação industrial do mundo, empregando quase dois mil trabalhadores e cobrindo mais de sessenta acres de terra e água.
O Arsenal tinha um propósito triplo: fabricar e montar galeras de guerra, armas e equipamentos; armazenar materiais e equipamentos até quando fosse necessário; e consertar e reequipar navios já manufaturados. Para reduzir os custos e aumentar a eficiência, os venezianos que dirigiam o Arsenal que desenvolveram e empregaram uma série de técnicas administrativas que ainda estão em uso atualmente. São elas:

  • Linha de montagem
  • Recursos Humanos
  • Padronização
  • Controle contábil
  • Controle de estoques
  • Controle de custos
  • Armazenamento

O Arsenal de Veneza exemplifica o desenvolvimento de princípios administrativos sofisticados logo no inicio do século XV.

O SISTEMA FEUDAL


Desde a queda do Império Romano, em 476 a.C., até por volta de 1450, a Europa atravessou aquilo que comumente é chamado de Idade Média. Este período testemunhou o desenvolvimento do sistema feudal. O rei possuía toda a terra, dividindo partes dela com os nobres, em troca de apoio militar e financeiro. Os senhores feudais, por sua vez, permitiam que pessoas de classes inferiores vivessem e trabalhassem em algumas áreas das terras, em troca de uma parte das colheitas ou impostos.
Não havia virtualmente nenhuma oportunidade para que um servo se tornasse um senhor, ou um senhor, um rei. As pessoas nasciam em seus empregos.
Bem antes de 1450, ocorreram eventos que acarretaram por fim o término do feudalismo, o surgimento de diferentes métodos de gerenciamento agrícola e de novos sistemas para manufatura de bens. Por um tortuoso caminho, estes eventos culminaram finalmente no sistema fabril. 


O SURGIMENTO DO SISTEMA FABRIL


Com o crescimento das cidades na Idade Média e com a crescente demanda de bens que os castelos agrícolas não podiam fornecer, surgia a oportunidade para o desenvolvimento de ofícios e artesãos.
Sob estas condições mutantes, mais servos começaram a aprender habilidades em vários ofícios e artesãos. Estes artesãos podiam trabalhar nas cidades como carpinteiros, sapateiros, ferreiros e em outros ofícios, e podiam cobrar por seus serviços exatamente com muitos artesãos independentes fazem ainda hoje.
Á medida que os negócios cresciam, alguns artesãos começaram a contratar ajudantes, e logo se desenvolveu uma organização estruturada – o sistema de ofícios.


ORGANIZAÇÃO DOS OFÍCIOS


Os mestres logo começaram a procurar alguma proteção par si mesmos e para suas posições vantajosas. Eles foram bem-sucedidos em sua busca, organizando poderosas guildas em torno dos níveis de habilidade. As guildas fortaleceram a hierarquia do mestre, do aprendiz e do jornaleiro, e também regularam as horas de trabalho, salários, preços, número de aprendizes e territórios de vendas.
Muitas guildas também ofereciam benefícios de ajuda fraterna no caso de morte, doença ou deficiência e, deste modo, demonstraram-se as modernas precursoras das organizações e práticas atuais nestas áreas.


O SISTEMA DA INDÚSTRIA CASEIRA


No século XVII, em concorrência com o sistema da indústria caseira e por fim superando-o como forma predominante de produção, o sistema fabril aos poucos começou a tomar forma. Reconhecendo as vantagens da produção centralizada em prédios especializados, onde os trabalhadores e os materiais podiam ser mais facilmente controlados do que espalhados em muitas casas, os mercadores não hesitaram em investir em fábricas e equipamentos.
Havia uma demanda de produtos, especialmente têxteis, e uma oferta de mão-de-obra criada pelo declínio do feudalismo e pela libertação dos servos dos castelos. As pessoas saíam do campo e iam para as pequenas e grandes cidades. A demanda de produtos manufaturados crescia, e o mesmo acontecia com o número de pessoas que procurava empregos. As condições eram favoráveis para a expansão da indústria e para a produção de um volume maior de bens.


A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL


A tecnologia tem evoluído e avançado por milhares de anos, mas surgiu uma “revolução” na Inglaterra do final do século XVIII que marcou o início de um avanço tecnológico. A essência dessa revolução foi a substituição do trabalho humano pelo trabalho da máquina, e gerou mudanças marcantes na vida diária.
No centro dessa revolução estava uma nova fonte de energia, o motor a vapor. Embora não tenha inventado o motor a vapor, precisa-se dar crédito a James Watt por tê-lo aperfeiçoado para o uso prático na indústria. Utilizado por centenas delas, o motor a vapor forneceu uma energia mais barata e mais eficiente revolucionando o comércio e a indústria.
Um espírito de inovação levou as invenções, que por sua vez levaram as fábricas, e estas fábricas levaram a uma necessidade por organização e administração.
Os primeiros administradores também tinham problemas urgentes com a força de trabalho. O analfabetismo era comum e as habilidades básicas de ensino estavam em falta: desenhos, folhas de instruções e os procedimentos para a operação das máquinas exigiam alguma habilidade para ler, calcular e responder com resultados previsíveis. O treinamento era conduzido na sua maior parte por instruções orais, demonstrações, tentativas e falhas. Em termos de disciplina e motivação, os primeiros esforços administrativos se encaixavam em três categorias e, ao serem examinados de perto, parecem ter mudado apenas na sua aplicação, não na teoria, até os dias de hoje.


PRIMEIROS ESTUDOS DA ADMINISTRAÇÃO


ADAM SMITH (1723 – 1790)


Adam Smith, economista clássico, nascido na Escócia, mostrou extraordinário conhecimento no que se refere à evolução das funções administrativas. Ele deu grande ênfase à divisão do trabalho e seus respectivos benefícios, assim se antecipando em seu século ao enfoque sobre a decomposição de um serviço ou tarefa.
Suas idéias sobre divisão do trabalho são fundamentais na simplificação de funções e estudos de tempos e estendem-se também a áreas como a de produção, por exemplo.


ROBERT OWEN (1771 – 1858)


Robert Owen, nascido no País de Gales, foi um dos primeiros escritores que chamou a atenção aos problemas humanos da industrialização.
Owen tentou usar a persuasão moral ao invés da punição corporal.
Certamente, foi um precursor da informação pública dos dados sobre vendas e produção da administração moderna, para criar orgulho departamental ou encorajar a concorrência.


CHARLES BABBAGE (1792 – 1871)


Charles Babbage, nascido em Devonshire, Inglaterra, era um gênio que precisa ser reconhecido como o fundador da pesquisa operacional e da ciência da administração. Ele demonstrou a primeira calculadora mecânica e prática do mundo, a sua “máquina de diferença”, em 1822 e, em 1833, começou a desenvolver o seu “motor analítico”, o primeiro computador.
Babbage também escreveu sobre administração, descrevendo em grandes detalhes as ferramentas e as máquinas, discutindo os “princípios econômicos da fabricação” e, no verdadeiro espírito da pesquisa operacional, analisando operações, os tipos de habilidade envolvidos e o custo de cada processo, e sugerindo instruções para a melhoria das práticas que eram então atuais.
Do lado humano da administração, ele chamou pelo reconhecimento de interesses mútuos entre o trabalhador e o dono da fábrica.


DANIEL MCCALLUM (1815 – 1878)


Daniel Craig McCallum nasceu na Escócia, mas foi para os Estados Unidos em 1822. As ferrovias, nos Estados Unidos, foram os primeiros empreendimentos em grande escala para chamar a atenção à necessidade por melhorias nas práticas administrativas. Daniel C. McCallum, superintendente-geral da Ferrovia Erie, buscou um sistema de organização que levasse a uma melhoria no desempenho.
Para McCallum uma boa administração era baseada em uma boa disciplina, descrições específicas e detalhadas de empregos, o relato freqüente e preciso de desempenho, salário e promoção baseados em mérito, uma hierarquia claramente definida de autoridade, unidade de comando e da responsabilidade final na organização como um todo.
McCallum também desenvolveu a administração da informação provavelmente de forma mais moderna daqueles tempos. Ele usou o telégrafo para fazer as operações mais seguras, assim como facilitar a administração através de relatórios freqüentes sobre performance e o acumulo de estatísticas para os propósitos de planejamento e de controle.


HENRY V. POOR (1812 – 1905)


As recomendações de Henry Varnum Poor foram extremamente avançadas para sua época. Ele considerava indispensável um sistema de administração com uma estrutura organizacional bem elaborada em que as pessoas eram responsáveis – uma estrutura com um sistema de comunicação em toda a organização, para que a alta direção pudesse saber o que estava ocorrendo. Poor concebeu a ciência da administração baseada em três princípios: organização, comunicação e informação.

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